No meu primeiro texto por aqui, eu escolhi falar sobre criança interior, porque mais forte do que eu, a minha criança interior grita de alegria e diz: “eu sempre quis isso”. O que me faz dar pulinhos de alegria junto dela. E se tem algo que me faz feliz, é ter a certeza que a Larissa de 8 anos de idade teria muito orgulho da Larissa de 25 anos, talvez ela até dissesse “quando eu crescer, eu quero ser igual a ela”.
Você se lembra de quando tinha 5, 8 ou até 10 anos? O que você gostava de fazer? O que você não gostava? Como você agia quando não se sentia ouvida? Quais eram os seus maiores sonhos? O que te fazia feliz? O que te deixava triste?
Apesar de crescermos, amadurecermos e agora sermos adultos, essa criança que você pensou agora ainda existe dentro de nós, e ela é chamada de criança interior, uma parte de nós que levaremos para o resto de nossas vidas.
A nossa criança interior anseia por atenção, cuidado e carinho, caso ela perceba que as suas necessidades não estão sendo garantidas, ela vai chorar, fazer birra e gritar, e nós vamos sentir tudo isso, porque isso irá refletir nos nossos próprios comportamentos. E por mais que nós pensamos que não, a nossa criança interior ainda tem muita influencia nos nossos comportamentos.
Se quando criança você se sentia excluída, aposto que agora como adulta se sentir excluída em algum lugar é algo que dói muito, por mais que você não entenda exatamente o porquê. Se quando criança você não se sentia ouvida, aposto que agora você faz questão de ter ao seu redor pessoas que te ouvem. Isso mostra o quanto a nossa criança interior nos define. Então, por que fingir que ela não existe? Por que não dar atenção para que ela se sinta ouvida e cuidada?
Quando voltamos a nos reconectar com nossa criança interior, passamos a perguntar a ela o que ela gosta de fazer, os lugares que ela gosta de ir e dar a atenção que ela merece. Ela irá nos retribuir de volta, e aquelas dores que refletem tanto nos nossos comportamentos irão diminuir. Quando cuidamos da nossa criança interior nós passamos a nos colocar mais no papel de adulto e agir como tal. Quando não damos ouvidos a nossa criança interior passamos a agir como criança. É o paradoxo perfeito.
No livro “O caminho do artista”, a autora, Julia Cameron diz que o nosso artista é a nossa criança interior. É a criança que gosta de fazer arte, de brincar e se divertir, se nós não damos ouvimos e não nutrimos a nossa criança interior dificilmente iremos conseguir colocar nossa arte no mundo.
Minha criança interior está dando cambalhotas no momento em que escrevo esse texto. Cresci assistindo “de repente 30” e sonhando em trabalhar como editora de revista, cresci lendo os textos da capricho e querendo ser uma garota tumblr, apesar de não ter repertório nenhum para escrever. O plot twist se deu no momento em que me desliguei da minha criança interior e decidi ser mais “pé no chão” cursando nutrição. E o segundo plot twist se deu no momento em que percebi que se não me reconectasse com a minha criança interior viveria frustrada. Então eu decidi acolhê-la e isso tem mudado a minha vida.
O primeiro passo é você se reconectar com a sua criança interior e conhecê-la: o que ela gosta de fazer? o que ela não gosta de fazer? quais são suas dores? o que a deixa feliz? o que vocês podem fazer para se divertir?
O segundo passo é fazer uma lista de coisas que vocês podem fazer para se divertir e reservar um tempo, uma vez na semana para “levar a sua criança pra passear” e fazer o que estiver na lista. E pode ser qualquer coisa que for fazer a sua criança feliz: pintura, desenho, escrita, passear no shopping, ir em uma cafeteria, ir em um playground, no cinema, no teatro, ir em uma loja de brinquedos, comprar coisas fofinhas, ler, assistir um desenho, fazer uma caminhada, ir no parque, andar de bicicleta, ir em uma roda gigante, comprar coisas de papelaria, ir no circo, comer pipoca. Pode ser absolutamente qualquer coisa que for fazer a sua criança interior feliz.
O terceiro passo é perder o medo de errar ou não fazer algo por não se sentir boa o suficiente. Quem tem medo de errar é a criança, porque ela sabe que se fizer algo errado irão brigar com ela. Quando você está com medo de errar, é porque a sua criança interior está morrendo de medo que briguem com ela, mas agora, a adulta da relação é você mesma, ao invés de brigar, acolha a sua criança interior para que ela possa se sentir a vontade para ser quem é, e aprender com os erros. Não se apegue a querer ser boa em tudo, você pode fazer só para se divertir.
O quarto passo é acolher a sua criança interior em momentos de tristeza. Quando algo reflete a uma dor da sua criança interior e você não está conectada com ela, você pode se autocobrar, ter comportamentos ruins ou até fingir que aquele problema não existe. Mas quando você se reconecta com a sua criança, você pode acolhê-la, falar coisas positivas e fazer ela entender que aquela dor não a define.
O quinto passo é manter uma relação saudável com a sua criança interior. Ouvir a sua criança e nutri-la é essencial para essa relação, mas ao mesmo tempo é importante entender que agora você é uma adulta e deve agir como tal, dar atenção a nossa criança interior não significa ter comportamentos infantis, mas colocar cada coisa no seu devido lugar. É sobre dar o espaço que ela precisa, mas não esquecer da sua posição como adulta.
Esse texto é o resultado da conexão com minha criança interior. Essa reconexão me trouxe mais autenticidade, verdade, felicidade, valor e propósito. Te convido a se reconectar com a sua criança também.